Vamos para falar de samba de uma forma diferente, já existem diversos blogs, sites e outras mídias sociais que falam de samba de forma convencional.
Falaremos de sambas e pagodes "inteligentes", "revolucionários", que de alguma forma transmitem uma mensagem a mais...
Vamos abrir sua mente também com outros assuntos legais!
Em tempos de eleição só consigo me lembrar de duas músicas, Reunião de Bacana e Comunidade Carente.
Hoje vou falar sobre a Reunião de Bacana, que foi composta por Ary do cavaco e Bebeto de São João, inicialmente gravada pelo Exporta Samba e lançada em 1980 no festival MPB 80, da Rede Globo. Essa música reflete bem o que vivemos hoje no Brasil, muita corrupção, muita malandragem, a grande maioria dos políticos tem a ficha suja, muita gente achando só conseguirá que alguma coisa vá pra frente se "molhar a mão" de alguém, ninguém respeita mais ninguém, enfim, se gritar pega ladrão...
Me lembro de ter visto uma entrevista acho que foi do Bebeto de São João, dizendo que essa música foi inspirada numa reunião dessas tipo do congresso nacional, ou coisa do tipo, e que se alguém gritasse "pega ladrão" não ficaria ninguém, infelizmente não encontrei a entrevista na internet
Quem quiser ouvir o álbum completo, só clicar aqui!!!
Exporta Samba
Reunião de Bacana
Você me chamou para esse pagode, E me avisou: "aqui não tem pobre!" Até me pediu pra pisar de mansinho, porque sou da cor, Eu sou escurinho... Aqui realmente está toda a nata: doutores, senhores, Até magnata Com a bebedeira e a discussão, tirei a minha Conclusão: Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão Se gritar pega ladrão, não fica um Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão Se gritar pega ladrão, não fica um Lugar meu amigo é a minha baixada, Que ando tranqüilo e ninguém me diz nada E lá camburão não vai com a justiça, pois não há Ladrão e é boa a polícia Lá até parece a suécia, bacana, se leva o bagulho e se Deixa a grana, Não é como esse ambiente pesado, que você me trouxe Para ser roubado.... Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão Se gritar pega ladrão, não fica um Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão Se gritar pega ladrão, não fica um
Pai, afasta de mim esse cálice Pai, afasta de mim esse cálice Pai, afasta de mim esse cálice De vinho tinto de sangue
Pai, afasta de mim esse cálice Pai, afasta de mim esse cálice Pai, afasta de mim esse cálice De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga Tragar a dor, engolir a labuta Mesmo calada a boca, resta o peito Silêncio na cidade não se escuta De que me vale ser filho da santa Melhor seria ser filho da outra Outra realidade menos morta Tanta mentira, tanta força bruta
Pai, afasta de mim esse cálice Pai, afasta de mim esse cálice Pai, afasta de mim esse cálice De vinho tinto de sangue
Como é difícil acordar calado Se na calada da noite eu me dano Quero lançar um grito desumano Que é uma maneira de ser escutado Esse silêncio todo me atordoa Atordoado eu permaneço atento Na arquibancada pra a qualquer momento Ver emergir o monstro da lagoa
Pai, afasta de mim esse cálice Pai, afasta de mim esse cálice Pai, afasta de mim esse cálice De vinho tinto de sangue
De muito gorda a porca já não anda De muito usada a faca já não corta Como é difícil, pai, abrir a porta Essa palavra presa na garganta Esse pileque homérico no mundo De que adianta ter boa vontade Mesmo calado o peito, resta a cuca Dos bêbados do centro da cidade
Pai, afasta de mim esse cálice Pai, afasta de mim esse cálice Pai, afasta de mim esse cálice De vinho tinto de sangue
Talvez o mundo não seja pequeno Nem seja a vida um fato consumado Quero inventar o meu próprio pecado Quero morrer do meu próprio veneno Quero perder de vez tua cabeça Minha cabeça perder teu juízo Quero cheirar fumaça de óleo diesel Me embriagar até que alguém me esqueça
Em tempos de eleições no nosso Brasil varonil, é impossível não lembrar e nem tocar nos assuntos, ditadura, censura, repreensão, perseguição, má influencia das grandes mídias... pensando nisso que acho necessário postar a música Cálice, do Chico Buarque e Gilberto Gil, e Apesar de você.
Essa geração de músicos lutou e muito para tornar o Brasil um país democrático, de fato mudaram a história do nosso país, e isso não foi facil, foram presos, perseguidos, tiveram que sair do país...
A gente cresce e vai vivendo achando que esse tipo de coisa está longe, que não acontece mais e tal, até que alguns amigos/conhecidos/colegas sofrem essas represálias, são perseguidos, caluniados, presos, repreendidos, por querer um país melhor, como aconteceu após as manifestações de 2013!!!
E pasmem, desde o início das manifestações até hoje, não houve nenhuma resposta do governo sobre, como se nada tivesse acontecido, como se o país tivesse ótimo, só houve repressão.
"Não há como falar de Chico Buarque sem falar da censura, pois o artista tem sua carreira muita marcada por ela, desde o início de sua trajetória musical ele sofreu com a perseguição dos censores, pois suas canções em sua maioria atribuía crítica ao regime militar e estes proibiam a execução de suas canções quando sentiam que as mesmas tinham um sentido de provocação ao governo.
Várias de suas canções foram proibidas, e Chico teve algumas vezes que prestar esclarecimentos de trechos de algumas canções aos censores, que para os mesmos as canções representavam críticas ou desrespeito ao regime militar.
Para falar da relação entre Chico Buarque e a censura no Brasil faz-se necessário falar da música ―Cálice‖ composta por Chico e Gilberto Gil e interpretada por Chico e Milton Nascimento. A canção seria cantada por Chico Buarque e Gilberto Gil no show Phono em maio de 1973. Porém a canção foi proibida...
...Nesse contexto, Chico Buarque compôs a canção ―Apesar de Você‖, que foi recebida pelo público como uma forma de protesto. Essa canção foi composta quando Chico Buarque, retornado da Itália, em 1970, encontrou o Brasil diante de uma realidade que não esperava encontrar, sobretudo com problemas de subdesenvolvimento e com a pobreza crescente. A canção alcançou o sucesso nas
rádios de todo o país, porém os censores descobriram que a mesma se tratava de uma crítica ao Presidente Emílio Garrastazu Médici. "
Hoje você é quem manda Falou, tá falado Não tem discussão A minha gente hoje anda Falando de lado E olhando pro chão, viu
Você que inventou esse estado E inventou de inventar Toda a escuridão Você que inventou o pecado Esqueceu-se de inventar O perdão
Apesar de você Amanhã há de ser Outro dia Eu pergunto a você Onde vai se esconder Da enorme euforia Como vai proibir Quando o galo insistir Em cantar Água nova brotando E a gente se amando Sem parar
Quando chegar o momento Esse meu sofrimento Vou cobrar com juros, juro Todo esse amor reprimido Esse grito contido Este samba no escuro
Você que inventou a tristeza Ora, tenha a fineza De desinventar Você vai pagar e é dobrado Cada lágrima rolada Nesse meu penar
Apesar de você Amanhã há de ser Outro dia Inda pago pra ver O jardim florescer Qual você não queria Você vai se amargar Vendo o dia raiar Sem lhe pedir licença E eu vou morrer de rir Que esse dia há de vir Antes do que você pensa
Apesar de você Amanhã há de ser Outro dia Você vai ter que ver A manhã renascer E esbanjar poesia Como vai se explicar Vendo o céu clarear De repente, impunemente Como vai abafar Nosso coro a cantar Na sua frente
Apesar de você Amanhã há de ser Outro dia Você vai se dar mal Etc. e tal Lá lá lá lá laiá
Não podíamos começar diferente, se não pelo início, né?! então... O samba surgiu da mistura de estilos musicais de origem africana e brasileira. O samba é tocado com instrumentos de percussão (tambores, surdos timbau) e acompanhados por violão e cavaquinho. Geralmente, as letras de sambas contam a vida e o cotidiano de quem mora nas cidades, com destaque para as populações pobres. O termo samba é de origem africana e tem seu significado ligado às danças típicas tribais do continente.
As raízes do samba foram fincadas em solo brasileiro na época do Brasil Colonial, com a chegada da mão-de-obra escrava em nosso país.
O primeiro samba gravado no Brasil foi Pelo Telefone, no ano de 1917, cantado por Bahiano. A letra deste samba foi escrita por Mauro de Almeida e Donga .
Tempos depois, o samba toma as ruas e espalha-se pelos carnavais do Brasil. Neste período, os principais sambistas são: Sinhô Ismael Silva e Heitor dos Prazeres .
Na década de 1930, as estações de rádio, em plena difusão pelo Brasil, passam a tocar os sambas para os lares. Os grandes sambistas e compositores desta época são: Noel Rosa autor de Conversa de Botequim; Cartola de As Rosas Não Falam; Dorival Caymmi de O Que É Que a Baiana Tem?; Ary Barroso, de Aquarela do Brasil; e Adoniran Barbosa, de Trem das Onze.
Na década de 1970 e 1980, começa a surgir uma nova geração de sambistas. Podemos destacar: Paulinho da Viola, Jorge Aragão, João Nogueira, Beth Carvalho, Elza Soares, Dona Ivone Lara, Clementina de Jesus, Chico Buarque, João Bosco e Aldir Blanc.
Outros importantes sambistas de todos os tempos: Pixinguinha, Ataulfo Alves, Carmen Miranda (sucesso no Brasil e nos EUA), Elton Medeiros, Nelson Cavaquinho, Lupicínio Rodrigues, Aracy de Almeida, Demônios da Garoa, Isaura Garcia, Candeia, Elis Regina, Nelson Sargento, Clara Nunes, Wilson Moreira, Elizeth Cardoso, Jacob do Bandolim e Lamartine Babo.
Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo
Os tipos de samba mais conhecidos e que fazem mais sucesso são os da Bahia, do Rio de Janeiro e de São Paulo. O samba baiano é influenciado pelo lundu e maxixe, com letras simples, balanço rápido e ritmo repetitivo. A lambada, por exemplo, é neste estilo, pois tem origem no maxixe.
Já o samba de roda, surgido na Bahia no século XIX, apresenta elementos culturais afro-brasileiros. Com palmas e cantos, os dançarinos dançam dentro de uma roda. O som fica por conta de um conjunto musical, que utiliza viola, atabaque, berimbau, chocalho e pandeiro.
No Rio de Janeiro, o samba está ligado à vida nos morros, sendo que as letras falam da vida urbana, dos trabalhadores e das dificuldades da vida de uma forma amena e muitas vezes com humor.
Entre os paulistas, o samba ganha uma conotação de mistura de raças. Com influência italiana, as letras são mais elaboradas e o sotaque dos bairros de trabalhadores ganha espaço no estilo do samba de São Paulo.
Principais tipos de samba:
Samba-enredo
Surge no Rio de Janeiro durante a década de 1930. O tema está ligado ao assunto que a escola de samba escolhe para o ano do desfile. Geralmente segue temas sociais ou culturais. Ele que define toda a coreografia e cenografia utilizada no desfile da escola de samba.
Samba de partido alto
Com letras improvisadas, falam sobre a realidade dos morros e das regiões mais carentes. É o estilo dos grandes mestres do samba. Os compositores de partido alto mais conhecidos são: Moreira da Silva, Martinho da Vila e Bezerra da Silva.
Pagode
A palavra pagode existe desde o início do samba carioca quando as "tias baianas" abriam suas casas para fazer batucada. Era um termo afetivo para caracterizar o samba, de modo que ambas as denominações acabavam por significar a mesma coisa: um encontro para comer, beber, dançar e cantar.
Com o tempo, a palavra foi ganhando novas acepções, pois denominava um novo gênero - até hoje em debate sobre ser ou não uma derivação do samba. Inovador em ritmo, melodia e instrumentos, o pagode que se conhece atualmente nasce no início de 1960.
O principal ponto de referência desde movimento, que se afirmou apenas em 1980, foi o Bloco Carnavalesco Cacique de Ramos. Fundado em 1961, somente no início da década de 1970 o bloco dá início aos encontros musicais. Embaixo de uma tamarineira, músicos faziam uma roda de pagode.
Ali, surge a primeira geração de compositores que não construíram suas carreiras dentro de escolas de samba. Arlindo Cruz, Sombrinha, Zeca Pagodinho e Jorge Aragão são alguns dos talentos descobertos no Cacique.
No entanto, o principal nome do pagode não se limita a somente um artista. Também oriundo do bloco, o grupo Fundo de Quintal torna-se a mais importante manifestação do gênero até hoje. O conjunto, que contou com diferentes músicos ao longo de 35 anos de trajetória, contribuiu para as inovações que distinguem o samba do pagode introduzindo novos instrumentos e produzindo novas sonoridades.
O repique de mão criado por Ubirany, o tantã criado por Sereno e o banjo com braço de cavaquinho criado por Almir Guineto - todos integrantes do Fundo de Quintal - são alguns exemplos. Além disso, ajudaram a moldar o novo gênero com arranjos mais acelerados e letras mais simples.
O Cacique teve uma relevância tão significativa para os rumos da música brasileira que foi tombado como Patrimônio Imaterial do Rio de Janeiro em 2010.
Samba-canção
Surge na década de 1920, com ritmos lentos e letras sentimentais e românticas. Exemplo: Ai, Ioiô (1929), de Luís Peixoto.
Samba carnavalesco
Marchinhas e Sambas feitas para dançar e cantar nos bailes carnavalescos. exemplos : Abre alas, Apaga a vela, Aurora, Balancê, Cabeleira do Zezé, Bandeira Branca, Chiquita Bacana, Colombina, Cidade Maravilhosa entre outras.
Samba-exaltação
Com letras patrióticas e ressaltando as maravilhas do Brasil, com acompanhamento deorquestra. Exemplo: Aquarela do Brasil, de Ary Barroso gravada em 1939 por Francisco Alves.
Samba de breque
Este estilo tem momentos de paradas rápidas, onde o cantor pode incluir comentários, muitos deles em tom crítico ou humorístico. Um dos mestres deste estilo é Moreira da Silva .
Samba de gafieira
Foi criado na década de 1940 e tem acompanhamento de orquestra. Rápido e muito forte na parte instrumental, é muito usado nas danças de salão.
Sambalanço
Surgiu nos anos 50 (década de 1950) em boates de São Paulo e Rio de Janeiro. Recebeu uma grande influência do jazz.. Um dos mais significativos representantes do sambalanço é Jorge Ben Jor, que mistura também elementos de outros estilos.
Lembrando que esse texto é um resumo de um apanhado de alguns sites, e que existem sim ouras histórias diferentes, mas no geral é isso !!!